sabato, giugno 19, 2010

Um descanso no caminho


O viajante está feliz. Nunca na vida teve tão pouca pressa. Senta-se na beira de um destes túmulos, afaga com as pontas dos dedos a superfície da água, tão fria e tão viva, e, por um momento, acredita que vai decifrar todos os segredos do mundo. É uma ilusão que o assalta de longe em longe, não lho levem a mal.

José Saramago
em Viagem a Portugal

lunedì, marzo 29, 2010

Los nadies

Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan los nadies con salir de pobres, que algún mágico día llueva de pronto la buena suerte, que llueva a cántaros la buena suerte; pero la buena suerte no llueve ayer, ni hoy, ni mañana, ni nunca, ni en lloviznita cae del cielo la buena suerte, por mucho que los nadies la llamen y aunque les pique la mano izquierda, o se levanten con el pie derecho, o empiecen el año cambiando de escoba.

Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.

Los nadies: los ningunos, los ninguneados, corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:

Que no son, aunque sean.

Que no hablan idiomas, sino dialectos.

Que no profesan religiones, sino supersticiones.

Que no hacen arte, sino artesanía.

Que no practican cultura, sino folklore.

Que no son seres humanos, sino recursos humanos.

Que no tienen cara, sino brazos.

Que no tienen nombre, sino número.

Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local.

Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.

Eduardo Galeano

em El Libro de los Abrazos

domenica, ottobre 04, 2009

La Negra


Romperá la tarde mi voz
Hasta el eco de ayer.
Voy quedándome solo al final,
Muerto de sed, harto de andar.
Pero sigo creciendo en el sol,
Vivo.

Era el tiempo viejo la flor,
La madera frutal.
Luego el hacha se puso a golpear,
Verse caer, sólo rodar.
Pero el árbol reverdecerá
Nuevo.

Al quemarse en el cielo la luz del día
Me voy.
Con el cuero asombrado me iré,
Ronco al gritar que volveré
Repartido en el aire a cantar,
Siempre.

Mi razón no pide piedad,
Se dispone a partir.
No me asusta la muerte ritual,
Sólo dormir, verme borrar.
Una historia me recordará
Siempre.

Veo el campo, el fruto, la miel
Y estas ganas de amar.
No me puede el olvido vencer,
Hoy como ayer, siempre llegar.
En el hijo se puede volver
Nuevo.

Zamba Para No Morrir

Mercedes Sosa

domenica, marzo 15, 2009

Jueves

Sabia
Gosto de você chegar assim
Arrancando páginas dentro de mim
Desde o primeiro dia

Sabia
Me apagando filmes geniais
Rebobinando o século
Meus velhos carnavais
Minha melancolia

Sabia
Que você ia trazer seus instrumentos
E invadir minha cabeça
Onde um dia tocava uma orquestra
Pra companhia dançar

Sabia
Que ia acontecer você, um dia
E claro que já não me valeria nada
Tudo o que eu sabia
Um dia

Lola
Chico Buarque


sabato, marzo 29, 2008

Ventinove

I desideri stavano strappandomi l'anima.
Potevo viverli, ma non ci son riuscito.

Allora li ho incantati.

E a uno a uno li ho lasciati dietro di me...

Ho disarmato l'infelicità.

Ho sfilato via la mia vita dai miei desideri.

Se tu potessi risalire il mio cammino,

li troveresti uno dopo l'altro,

incantati, immobili, fermati lì per sempre a segnare la rotta

di questo viaggio strano che

a nessuno mai ho raccontato se non a te.


Alessandro Baricco
em Novecento

venerdì, febbraio 01, 2008

No hay banda

O cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.


Bernardo Soares
em O Livro do Desassossego

domenica, gennaio 07, 2007

Pamuk de 2006 e os Armênios de 1915


O Nobel de Literatura do ano de 2006 foi concedido em Estocolmo no dia 12 de outubro ao escritor turco Orhan Pamuk, coincidentemente no mesmo dia o governo francês sancionou uma lei que torna crime negar o genocídio do povo Armênio pelos turcos durante a I Guerra Mundial. Foram assassinados mais de um milhão e meio de armênios entre 1915 e 1917, a Turquia nega o acontecimento e ainda que a medida tomada seja mais um manobra política da França para impedir a entrada da Turquia na União Européia, é significativa por reconhecer oficialmente o genocídio armênio como crime pela primeira vez na História. Durante a II Guerrra Mundial, Adolph Hitler antes do início da perseguição aos judeus na Europa, num discurso no parlamento alemão, na tentativa de convencer as forças políticas e militares, cita o genocídio armênio como respaldo para a perseguição aos judeus, dizendo que a História os absolverá, pois, passados vinte anos, ninguém se lembrava do massacre armênio.
Orhan Pamuk foi recentemente acusado de insultar seu país e pode ser julgado, sob pena de três anos de prisão, após comentar em uma estrevista sobre o extermínio de armênios e curdos na Turquia no século passado.
As imagens acima são, respectivamente, do filme canadense Ararat (2002), único a retratar genocídio armênio, e do livro premiado com o Nobel de 2006.
Esse post está três meses atrasado, mas precisava publicar um comentário sobre o assunto.